Olhou-nos o cachorro de soslaio quando demos o « bonjour » por entre um frincha do bar. É um cão que tem dono e porque tem dono, aqui no bairro, tem direitos. Passeia-se por entre as minúsculas mesas de orelhas em riste. Tem um olhar carinhoso este cachorro enquanto acompanha o nosso diálogo meneando de quando em vez o focinho húmido. Passo-lhe a costa da mão por debaixo do pescoço e ele olha-me humilde, ainda de orelhas ao alto e na ponta das quais se passeiam as moscas, sugando o sangue fresco das feridas.
O bar é constituído por duas filas de mesas, à altura dos joelhos, e circundadas de bancos corridos. A um canto, mesmo à entrada do bar, numa enorme mesa, estão concentradas as garrafas de toda a espécie de bebidas espirituosas...
Somos recebidos alegremente por dois jovens que aqui se encontram. Conversamos sobre o estado do tempo, abrasador, e do estado das coisas e do mundo, carregadas de interrogações. Realidades idênticas compreendidas diversamente. A visão das coisas depende muito das nossas vivências...
Viemos, como sempre vimos, para anunciar o Evangelho. Um destes jovens conta-nos que foi baptizado enquanto criança mas sente-se confuso pois acha que esse baptismo não teve valor. Tentamos mostrar-lhe que o Evangelho, a Boa Nova, está acima de toda a tradição religiosa, porque legalista. Enquanto conversamos sobre o valor do sacrifício expiatório de Jesus vai-se-lhe acendendo um sorriso de esperança no rosto...Deixamos a taverna depois de orarmos por este nosso amigo.
À partida a taberneira oferece-me um coco, dentro de um saco de plástico negro, que agradeço ternamente. Eu sei bem o valor que este coco tem para mim...ficou a bênção com a taberneira!
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