Um sol crestante sobe ribeira acima e eu vejo-me descendo, em calções, presos por uns suspensórios minúsculos, carreiro abaixo em direcção à ribeira fremente de água. Um calor de quebrar seixos invade tudo, mesmo a sombra das oliveiras. Lá em baixo a ribeira viaja tranquila. Melros negros como azeviche, de bico amarelo, vão catando a negra e formosa amora que cresce desenvolta junto ao açude. A todo o correr da ribeira desce com ela o verde dos milharais a perder de vista...um sortido de casas em xisto, espalhadas anarquicamente de ambos os lados do caminho, e cobertas de enormes lousas, decoram a paisagem... a ribeira é ali o centro de tudo apesar de caminhar prazenteira, lá ao fundo, alheia a todos os sentimentos. A aldeia da minha infância ganha vida quando ouço Smetana e o seu poema sinfónico “Moldau”.
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